8 de fevereiro de 2010

«A nova Agricultura Alentejana: desafios e oportunidades»

Foto tirada daqui

A vila das Alcáçovas foi escolhida pelo Fórum Alentejo 2015 para a realização de uma conferência sobre as novas perspectivas da agricultura no Alentejo. Perante mais de uma centena de assistentes, o Eng. Luís Capoulas, na dupla condição de empresário agrícola e de actual deputado do PSD, traçou um completo quadro da evolução das políticas agrícolas desde a adesão de Portugal à então CEE em 1986 e o que se perspectiva a partir de 2013, com uma nova PAC ainda plena de incógnitas. Sublinhando que a actividade agrícola deve ser ambientalmente sustentável, recordou que nunca deve perder a sua primordial função de produção de bens alimentares, tanto mais que o crescimento populacional mundial previsto para as próximas décadas irá agudizar a procura de alimentos.

Seguiu-se a intervenção do Eng. António Gonçalves Ferreira que, na qualidade de empresário agrícola, frisou a importância da agricultura como suporte da biodiversidade. Foi muito positivo termos um agricultor a falar para agricultores da importância dos equilíbrios biológicos, da redução das populações de aves e de borboletas dependentes dos sistemas agro-pecuários extensivos, da necessidade de boas práticas agrícolas e de mais acções de investigação e desenvolvimento.

Estamos habituados a presenças fugazes de ministros apenas durante as sessões de abertura ou de encerramento deste tipo de conferências, limitando-se a sua intervenção a breves palavras de circunstância e a uma rápida saída de palco. Porém nessa tarde tivemos a presença permanente do actual Ministro da Agricultura e a possibilidade de o ouvir detalhadamente explicar quais são as suas preocupações e as prioridades do seu ministério. O Professor António Serrano evidenciou que não é apenas o regadio de Alqueva a única alternativa para a região, devendo a agricultura ser diversificada e adequada às diversas condicionantes edafo-climáticas. Para a negociação da futura PAC pós-2013, afirmou que irá valorizar a componente ambiental, os investimentos estruturais e as culturas mediterrânicas. Já durante o debate com os assistentes e perante a questão relativa à necessidade de rápida aprovação das Intervenções Territoriais Integradas para as Zonas de Protecção Especial para as aves estepárias, assegurou que finalmente existe diálogo entre o seu ministério e o Ministério do Ambiente.

Ficamos a aguardar que seja visível esta vontade do governo em promover a integração entre a produção alimentar e a preservação de valores ambientais e a capacidade de concretização no terreno por parte da generalidade dos agricultores.

Mas ficou a mensagem: é indispensável uma atitude aberta ao diálogo e integradora de outras perspectivas, vontade individual e colectiva em analisar novos paradigmas e a necessidade de cada agricultor reconhecer que a salvaguarda da biodiversidade é essencial à perenidade da sua actividade. E o facto destes princípios terem sido proferidos por dois agricultores e um governante pesa bastante.

Sem comentários: