23 de fevereiro de 2010

A longa viagem dos grous

No Outono, cerca de seis mil grous (Grus grus) partem da Escandinávia e do Leste europeu para passarem o Inverno nos campos do Alentejo, numa longa jornada de 3.000 quilómetros.

Grou no Alentejo

Equipas de observadores mobilizam-se para fazer contagens destas aves, reunidas em bandos que podem ir dos 200 aos 1.000 animais. A contagem de grous na época de invernada é efectuada em oito pontos de observação espalhados por Campo Maior, Évora, Mourão/Moura/Barrancos e Castro Verde, entre Novembro e Março, e coordenada pelo Centro de Estudos da Avifauna Ibérica (CEAI) e Liga para a Protecção da Natureza.

A última contagem deste ano, antes de os grous regressarem aos locais de reprodução, será nos dias 6 e 7 de Março.
Quem estiver interessado em participar, pode inscrever-se ou solicitar mais informações junto de:
Telef: 266746102 (CEAI)
Telef: 266709564 (LPN)
Telem: 917636769 (Tiago Ferro, CEAI)
Telem: 968092353 (Carlos Miguel Cruz)
Email: info@ceai.pt ou
 Passagem dos grous na zona húmida de Linumer, 30 km a noroeste de Berlim. 


Lago de Hornborgasjön, no sudoeste da Suécia, onde as aves migratórias se concentram antes da dispersão para os locais de nidificação.

8 de fevereiro de 2010

«A nova Agricultura Alentejana: desafios e oportunidades»

Foto tirada daqui

A vila das Alcáçovas foi escolhida pelo Fórum Alentejo 2015 para a realização de uma conferência sobre as novas perspectivas da agricultura no Alentejo. Perante mais de uma centena de assistentes, o Eng. Luís Capoulas, na dupla condição de empresário agrícola e de actual deputado do PSD, traçou um completo quadro da evolução das políticas agrícolas desde a adesão de Portugal à então CEE em 1986 e o que se perspectiva a partir de 2013, com uma nova PAC ainda plena de incógnitas. Sublinhando que a actividade agrícola deve ser ambientalmente sustentável, recordou que nunca deve perder a sua primordial função de produção de bens alimentares, tanto mais que o crescimento populacional mundial previsto para as próximas décadas irá agudizar a procura de alimentos.

Seguiu-se a intervenção do Eng. António Gonçalves Ferreira que, na qualidade de empresário agrícola, frisou a importância da agricultura como suporte da biodiversidade. Foi muito positivo termos um agricultor a falar para agricultores da importância dos equilíbrios biológicos, da redução das populações de aves e de borboletas dependentes dos sistemas agro-pecuários extensivos, da necessidade de boas práticas agrícolas e de mais acções de investigação e desenvolvimento.

Estamos habituados a presenças fugazes de ministros apenas durante as sessões de abertura ou de encerramento deste tipo de conferências, limitando-se a sua intervenção a breves palavras de circunstância e a uma rápida saída de palco. Porém nessa tarde tivemos a presença permanente do actual Ministro da Agricultura e a possibilidade de o ouvir detalhadamente explicar quais são as suas preocupações e as prioridades do seu ministério. O Professor António Serrano evidenciou que não é apenas o regadio de Alqueva a única alternativa para a região, devendo a agricultura ser diversificada e adequada às diversas condicionantes edafo-climáticas. Para a negociação da futura PAC pós-2013, afirmou que irá valorizar a componente ambiental, os investimentos estruturais e as culturas mediterrânicas. Já durante o debate com os assistentes e perante a questão relativa à necessidade de rápida aprovação das Intervenções Territoriais Integradas para as Zonas de Protecção Especial para as aves estepárias, assegurou que finalmente existe diálogo entre o seu ministério e o Ministério do Ambiente.

Ficamos a aguardar que seja visível esta vontade do governo em promover a integração entre a produção alimentar e a preservação de valores ambientais e a capacidade de concretização no terreno por parte da generalidade dos agricultores.

Mas ficou a mensagem: é indispensável uma atitude aberta ao diálogo e integradora de outras perspectivas, vontade individual e colectiva em analisar novos paradigmas e a necessidade de cada agricultor reconhecer que a salvaguarda da biodiversidade é essencial à perenidade da sua actividade. E o facto destes princípios terem sido proferidos por dois agricultores e um governante pesa bastante.