24 de outubro de 2009

Primeiras chuvas

Seara de aveia em fase de emergência

Após um início de Outubro quente e seco, as primeiras chuvas permitiram iniciar a sementeira das culturas cerealíferas de Outono/Inverno. Mas este ano agrícola continuará a ser uma incógnita quanto ao futuro para os cereais de sequeiro no Alentejo e no resto do país.
Segundo as associações de agricultores, em 2008 os custos médios de produção por hectare de seara de trigo eram de 695€. Com preços de comercialização a 200€ a tonelada, era suficiente uma produtividade de 3,5 toneladas por hectare para a cultura ser economicamente viável, mas com a descida para 130€ seriam necessárias produtividades de 4,6 toneladas, algo apenas possível nos melhores solos e em condições meteorológicas muito favoráveis.
As previsões do INE de Julho deste ano, apontavam para diminuição de produção, face ao ano anterior, de 40% no trigo mole e 35% na aveia, decorrente de elevada precipitação que determinou a diminuição da área semeada, seguida de uma Primavera pouco pluviosa durante as fases de floração e de formação do grão, levando muitos produtores a fenarem ou a pastorear directamente as searas – o que foi desfavorável para a águia-caçadeira, por estas actividades coincidirem com o início do período de reprodução.
São vez mais frequentes os agricultores a declarar que produzir cereais de sequeiro significa perder dinheiro e que apenas o fazem porque têm gado.
A estagnação dos preços de comercialização, a previsão de subida dos produtos petrolíferos, as incertezas relacionadas com alterações climáticas e a opinião desfavorável dos dirigentes do Ministério da Agricultura para com o sector dos cereais, associada à não concretização de políticas de conservação da vida silvestre em meio agrícola, em nada concorrem para uma estabilização das áreas a semear com cereais neste Outono, comparativamente com os anos anteriores.

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