Jogo da Águia-caçadeira

Foi criado um jogo didáctico, sobretudo destinado aos alunos do 1º e 2º ciclo do Ensino Básico participantes no projecto de educação ambiental. Uma das fotografias do fundo, que representa a África subsariana foi gentilmente cedida por Gonçalo Elias. Os acabamentos em madeira foram executados por Jacinto Patrão e Joaquim Almeida dos serviços de carpintaria da Câmara Municipal de Évora, ao abrigo do protocolo entre este município e a Escola Secundária André de Gouveia.

Os mestres carpinteiros Joaquim Almeida e Jacinto Patrão

O jogo pretende destacar diversos acontecimentos que podem ocorrer na zona de invernada, ao longo da rota de migração e nas áreas de reprodução em Portugal, levando os alunos a compreender quais as respectivas consequências sobre a águia-caçadeira. Incidem sobre disponibilidade alimentar em função das condições meteorológicas, existência ou não de locais adequados à nidificação e o efeito da actividade da ceifa sobre o sucesso reprodutor.

Deseja-se que através desta actividade lúdica, os alunos interiorizem quais são os principais factores ambientais e humanos que condicionam a sobrevivência da águia-caçadeira ao longo do ano.

O regresso das águias-caçadeiras

Após vários dias muito ocupados com as sessões nas escolas, apenas ontem foi possível ter alguma disponibilidade para realizar uma saída de campo na região de Évora.
Ao revisitar uma herdade onde a águia-caçadeira tem nidificado nos últimos anos, de imediato avistei o voo inconfundível de um macho dessa espécie - a minha primeira observação deste ano.

Ao longo de uma hora de observação, foi confirmada a presença de três machos e de uma fêmea, sobre uma seara de cevada, cujo desenvolvimento vegetativo prenuncia boas condições para abrigar alguns ninhos dentro de semanas.

A turma 4ºC da Escola Básica Integrada da Malagueira

Ontem decorreu a última sessão antes da interrupção lectiva da Páscoa junto dos alunos da Escola Básica Integrada da Malagueira.
Os alunos da turma do 4ºC com a professora Célia Ferro, muito atentos e participativos, tiveram a possibilidade de discutir os diferentes tópicos relacionados com a identificação no campo, a alimentação e a reprodução da águia-caçadeira. Nesta sessão, esteve também presente o professor Vítor Oliveira, do Departamento de Pedagogia e Educação da Universidade de Évora, que está orientar a componente pedagógica deste projecto de Educação Ambiental.

A travessia do deserto III

A águia-caçadeira fêmea Lourdes continua o seu voo migratório em direcção à Península Ibérica.

A mais recente localização, no dia 24 de Março, situa-a no sul de Marrocos, o que representa um percurso de 1786 km desde o dia 15 de Março, quando iniciou a migração a partir do Mali.

A turma 4ºB da Escola Básica Integrada da Malagueira

Hoje decorreu mais uma sessão de informação sobre a águia-caçadeira, desta vez com a turma do 4ºB da professora Delfina David.

Durante cerca de uma hora, os alunos estiveram muito atentos e participativos, revelando grande imaginação nas sugestões sobre metodologias para conhecer as rotas migratórias e a alimentação da águia-caçadeira.

Como alguns deles já iniciaram os trabalhos de pesquisa sobre esta espécie e produziram alguns textos ilustrados, foi possível por parte das professoras sublinhar a necessidade de referir as fontes bibliográficas e a autoria das fotografias disponíveis na Internet.
É importante que, desde muitos jovens, os nossos alunos aprendam a organizar um tema e a citar as fontes da informação, algo aparentemente normal mas muitas vezes esquecido, mesmo por alunos ao nível universitário. Mas fiquei sem qualquer dúvida sobre a capacidade de trabalho destes jovens e de orientação pelas respectivas professoras.

Foi também com satisfação ficar a saber pelos alunos que este blogue é por eles regularmente visitado e considerado útil para a sua pesquisa.

Jovens investigadores sobre a conservação da Águia-caçadeira

Nos últimos dois dias tiveram lugar mais sessões de informação sobre o projecto "À descoberta da Águia-caçadeira" junto de alunos de escolas em Évora. O trabalho de pesquisa será realizado no âmbito da diciplina de Área de Projecto no 3º ciclo e em Estudo do Meio no 1º ciclo.

Escola Secundária André de Gouveia
Turma 8ºB - Área de Projecto, com a professora Maria João Félix

Escola Secundária André de Gouveia

Turma 7ºA - Área de Projecto, com a professora Luísa Campeão

Escola Básica Integrada da Malagueira
Turma 4ºA, com a professora Susana Rebocho

21 de Março - início da Primavera

Verdes são os campos,

De cor de limão:

Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.

Luís de Camões

Escola Básica Integrada da Malagueira

Numa sessão com hora e meia de trabalho, os alunos da turma C do 3º ano de escolaridade desta escola em Évora, tiveram oportunidade de evidenciar vastos conhecimentos sobre a biologia da águia-caçadeira, fruto do trabalho preparatório desenvolvido pela professora Cândida Almeida. Esteve presente a Dra. Helena Ferro, Chefe da Divisão de Educação da Câmara Municipal de Évora, que no final da palestra manifestou o interesse em dar continuidade a este projecto.

Professora Cândida Almeida (à esquerda) e Dra Helena Ferro (à direita)

Os alunos demonstraram grande qualidade na sua participação, referindo a vulnerabilidade desta ave durante as ceifas e a necessidade de proteger os locais dos ninhos e interesse em esclarecer as dúvidas entretando surgidas, de forma a garantir uma trabalho com qualidade. Nas próximas aulas irão aprofundar o trabalho de pesquisa e produzir trabalhos que em breve serão divulgados na escola e através da Internet.

A travessia do deserto II

Em três dias, a fêmea Lourdes percorreu 841 km, tendo hoje cruzado a fronteira entre a Mauritânia e o Sara Ocidental (se bem que para as aves as delimitações administrativas nada representem). 

Trata-se de uma região inóspita, praticamente sem vegetação, que interressa percorrer o mais rapidamente possível, dada a escassez de alimento.

Para se ter uma ideia da paisagem local, aqui fica uma imagem retirada do Google Earth de uma zona próxima da última localização de Lourdes.

origem da fotografia

A travessia do deserto

Rubén Limiñana, investigador na Estación Biológica Terra Natura que teve a gentileza de autorizar a publicação neste blogue dos mapas de seguimento por satélite, alerta para o facto de uma das águias-caçadeiras portadoras de emissor ter ontem apresentado uma significativa deslocação para Norte, a partir da região central do Mali onde permaneceu nos últimos meses, provavelmente sendo o início da migração até à área de reprodução. Trata-se de Lourdes, uma fêmea adulta com o emissor colocado em 11 de Junho de 2009 na província de Castellón (Espanha).

Nos próximos dias iremos acompanhar o percurso migratório desta ou de outras águias-caçadeiras, cujos dados de localização estão aqui acessíveis.
Rubén Limiñana tem já publicados diversos artigos sobre esta espécie, que estão disponíveis em formato PDF na sua ficha pessoal da Estación Biológica Terra Natura.

Protocolo de parceria

Já está em vigor o protocolo de parceria entre a Escola Secundária André de Gouveia e a Câmara Municipal de Évora referente ao projecto de educação ambiental “À descoberta da Águia-caçadeira”, no âmbito do apoio municipal ao programa Eco-Escolas.

A Escola Secundária André de Gouveia compromete-se em dinamizar o programa Eco-Escolas, promovendo o envolvimento de escolas com 1º ciclo do ensino básico no desenvolvimento de projectos de educação ambiental e em criar material didáctico para disponibilização aos estabelecimentos de educação e ensino do concelho de Évora.
Por seu lado, a Câmara Municipal de Évora comparticipa financeiramente nas despesas correntes do projecto, apoia técnica e logisticamente a produção de material didáctico e faculta apoio logístico nas deslocações de alunos e professores a áreas agrícolas para observação de aves e concretização de acções de salvamento de ninhos de Águia-caçadeira.

Uma questão de sobrevivência

Na última noite morreu o juvenil mais novo do ninho de coruja-das-torres em Starr Ranch Sanctuary. Como se pode observar na gravação de há 6 dias, competia sem grande sucesso com os irmãos mais velhos pelo alimento fornecido pelos adultos.
Para quem está acompanhar o quotidiano destas aves, a morte desta ave foi dramática, mas inevitável em consequência das fortes chuvadas que têm atingido a região nos últimos dias e restringido os voos de caça dos adultos.
Tal como a coruja-das-torres, a águia-caçadeira tem uma estratégia reprodutora semelhante: posturas com uma dimensão elevada (4 a 6 ovos), com intervalo médio de 2 dias na postura de cada ovo e na eclosão dos juvenis.

 
Em anos excepcionais de grande abundância de presas, é possível que todos os juvenis alcancem a capacidade de voo. Caso contrário, é preferível que apenas alguns cresçam fortes e saudáveis, com o consequente sacrifício dos mais débeis.

Aos interessados em compreender melhor esta relação entre dinâmicas populacionais de populações de predadores e de presas, sugere-se uma pesquisa sobre o modelo de Lotka-Volterra, por exemplo a partir de aqui ou aqui.

Coruja-das-torres em directo

A Coruja-das-torres Tyto alba é talvez a ave nocturna mais conhecida por quem habita nas zonas rurais ou em núcleos urbanos de pequena ou média dimensão.
Caçadora de pequenos mamíferos, sobretudo ratos, desempenha uma relevante função no controle populacional das populações desses animais. É por isso importante a preservação dos seus locais de nidificação naturais (cavidades em árvores ou rochedos) ou em edifícios (sótãos, cavidades em paredes altas, torres de igreja, etc.).
Para despertar a curiosidade sobre esta ave, fica a ligação a uma webcam instalada num ninho em Starr Ranch Sanctuary, no estado da Califórnia (EUA).

webcam

A imagem pode ser ampliada com um duplo click sobre ela.

Note-se que existe uma diferença horária de -6 horas entre Portugal e a Califórnia, pelo que o visionamento durante a manhã em Portugal é aquele que assegura maior probabilidade de assistirmos à entrega de presas pelos progenitores.
Estão igualmente disponíveis as datas de postura dos ovos e da eclosão dos juvenis. A visível desigualdade de tamanho entre os juvenis é explicada pelo facto de existir uma diferença de 13 dias entre o mais velho e o mais novo. Caso as presas sejam abundantes e entregues no ninho com muita frequência pelos adultos, todos os juvenis terão oportunidade de comer nessa noite. Se houver falta de presas, apenas os maiores e mais fortes sobreviverão. Dentro um mês veremos qual será o sucesso reprodutor deste casal de coruja-das-torres.

Mais informações sobre a espécie estão disponíveis em:
Jornal Quercus Ambiente
Aves de Portugal